26 de julho de 2010

Venda dos remédios ilegais mais contrabandeados nos camelôs de Santa Maria


Texto veiculado na agência central sul
Link: http://www.agenciacentralsul.org/index.php?option=com_content&task=view&id=2251&Itemid=41

Foi muito "gostoso" fazer essa matéria (Jornalismo Investigativo) desde a elaboração da pauta ao trabalho final (impresso, on-line e gravação).




Venda dos remédios ilegais mais contrabandeados nos camelôs de Santa Maria

A Avenida Rio Branco, localizada no centro de Santa Maria, é um dos locais mais populares de nossa cidade (figura A). Por lá circulam diariamente milhares de pessoas e, por isso, é um dos locais mais bem policiados. Mas isso não basta para reprimir os camelôs que efetuam a venda ilegal de diversas mercadorias dentre elas medicamentos controlados, que deveriam ser vendidos apenas sob apresentação de receita médica em drogarias ou farmácias autorizadas.
Nossa equipe de reportagem investigou este caso e descobriu que os camelôs adquirem facilmente os remédios em qualquer farmácia no Paraguai, onde não é necessária a apresentação de receita médica, e os trazem para comercializá-los ilegalmente no Brasil.
No decorrer da investigação no camelódromo, foi descoberto que os medicamentos mais procurados são os remédios para emagrecer e os que auxiliam a ereção masculina.
A equipe enviou um homem disfarçado para visitar os camelôs com fim de verificar como adquiri-los. Ao chegar à primeira banca perguntou-se: “Tudo bem? Tem Viagra aí?”, sentindo-se desconfiado da abordagem direta, o primeiro camelô respondeu: “Não, Viagra não” (figura B).
Persistindo com a investigação, na segunda banca a resposta também foi negativa e o ambulante ainda disfarçou: “Ah, só estou aqui olhando... Não tenho mesmo”.
Mas não demorou muito para que nossa equipe conseguisse encontrar em qual banca eram vendidos os remédios contrabandeados.
“Sabe se tem aqueles remedinhos? O Pramil (remédio similar ao Viagra)?” E impunemente, em plena luz do dia, às nove e meia da manhã, sem nenhum constrangimento o senhor responde: “Têm, quantos queria?” (figura C)
Ainda com muita naturalidade oferece ao nosso agente disfarçado a promoção: “É dez pila cada um. Vendo um a dez, dois por quinze e três por vinte”.
O Pramil deveria ser vendido somente em farmácias com uma receita médica, mas não é isso que acontece. Não deve-se utilizar estes remédios sem que tenha sido receitado por um médico. Afinal, ele deve ser tomado em casos de disfunção erétil comprovada, pois o Pramil pode ter alguns efeitos colaterais.
Após alguns minutos, a compra do Pramil foi efetuada, (figura D) mas antes da equipe se retirar do local, foi levantada a questão dos remédios para emagrecer, e o homem sugere o remédio Atenix (sibutramina) por sessenta reais. Porém teria que ser encomendado já que só comercializava a caixa com três cartelas.
Valores estes muito acima do mercado legal onde encontramos nas farmácias o Atenix (Sibutramina) por R$38,00 e o Pramil por R$40,00 a caixa com 20 comprimidos.
Sabe-se que a Sibutramina é um medicamento administrado de forma oral e que é usado para emagrecer. Sua principal função no organismo é aumentar a sensação de saciedade após uma pequena refeição. No Brasil, a Sibutramina é um remédio controlado e venda da droga é permitida apenas com receita médica, com a retenção da receita.


Existe alguma lei que puna este comércio?

Por ser um ato criminoso, procurou-se esclarecer este caso com um Delegado de polícia. Ao chegar à delegacia e informar nossa investigação, fomos recomendados a procurar o Delegado de polícia da DEFREC (Delegacia de Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas), que confirmou nossas suspeitas. Sim, a venda de remédios sem prescrição médica é ilegal e dá cadeia. Inclusive se o camelô for identificado e tiver seu material apreendido, “pode ser enquadrado como tráfico de drogas de acordo com a lei 11343/2006, onde a pena pode variar de 5 a 15 anos de detenção, dependendo da substância” relata o Delegado.
Há uma portaria da secretaria de vigilância federal, onde o ministério de saúde regulamenta quais substâncias são proibidas de se comercializar caso o comprador não esteja portando a receita médica. O Viagra (Pramil) e a Sibutramina (Atenix) se enquadram nesta portaria, portanto não há dúvidas que é um comércio ilegal e a partir disto deve ser exterminado, o que empata esse fim são os próprios compradores que dão demanda a esse ato clandestino.

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